sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Contrários

Só quem já provou a dor
  Quem Sofreu, se amargurou
  Viu uma cruz e uma vida em tons reais

  Quem não procurou certo
  Mas no errado se perdeu
  precisou saber recomeçar

  Só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar
  Porque encontrou na derrota o motivo para lutar

  E assim viu no outono a primavera
  Descobriu que não é um conflito que faz crescer Vida

  Que o verso tem reverso
  Que o direito tem avesso
  Que o de graça tem seu preço
  Que a vida tem contrários
  E a saudade é um lugar
  Que só chega quem amou
  E que o ódio é uma forma tão estranha de amar

  Que o perto tem distâncias
  E que esquerdo tem direito
  Que a resposta tem pergunta
  E o problema solução
  E que o amor começa aqui
  No contrário que há em mim
  E a sombra só existe quando existe alguma luz.

  Só quem soube duvidar
  Pode enfim Acreditar
  Viu sem ver e amou sem aprisionar

  Quem não se encontrou pouco
  Aprendeu multiplicar
  Descobriu o dom de eternizar

  Só quem perdoou na vida sabe o que é amar
  Porque aprendeu que o amor só é amor
  Se já provou alguma dor
  E assim viu grandeza na miséria
  Descobriu que é no limite
  Que o amor pode nascer ...
Fábio de Melo

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sinal Fechado



– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E
você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...
Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!
– Adeus!
                                                                                                           Paulinho da Viola